segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O Empreendedorismo Americano - "Entrepreneurship"

(Os textos aqui representam impressões e opiniões minhas. Podem divergir de conceitos e abordagens comuns de mercado)


Talvez uma das impressões mais importantes que tive ao visitar várias empresas nos Estados Unidos, através da Missão Empreendedorismo da AMCHAM, foi realmente sobre o como o americano trata do empreendedorismo, ou como eles dizem Entrepreneurship.

A visão que eu tinha até pouco tempo, e que percebo em vários empresários brasileiros, é que para empreender ele precisa ter uma ideia de uma solução ainda não explorada por ninguém, que poderá lhe render muito dinheiro, muito sucesso e muitas alegrias. E sem muita delonga o empreendedor brasileiro inicia-se os trabalhos. Não demora muito o seu empreendimento não sai como desejado e falha.

Conforme a pesquisa do SEBRAE-SP, 27% das empresas paulistas fecham no primeiro ano e 58% em 5 anos. (veja Doze anos de monitoramento da sobrevivência e mortalidade de empresas). Um índice que certamente aumenta para outras regiões do Brasil onde o mercado possui profissionais menos qualificados. 

Quando de minha visita aos Estados Unidos, nosso grupo teve oportunidade de se reunir com vários profissionais de grandes empresas, instituições de ensino e pequisa, além encubadoras. E em todas percebi o quanto era natural a questão do Entrepreneurship ecosystem. Esse ecossistema nada mais é da observância necessária dos elementos que a compõe, como indivíduos, empresas, geografia, organizações, instituições, etc. Assim, se faz necessário identificar no ecossistema todos os fatores facilitadores e impeditivos. 

Até esse ponto tudo bem para muito mas o entendimento desse ecossistema obriga a ter uma nova cultura de pensamento. Na maioria das vezes o americano não vem como uma solução pronta, da ideia do seu empreendedor, como acontece muito com o brasileiro. O americano estuda o ecossistema, detecta oportunidades, fraquezas e necessidades desse ecossistema. A partir daí ele começa um trabalho de desenvolvimento tecnológico e do negócio até chegar na solução ou ideia. De forma extremista eu vejo que o brasileiro tem uma ideia e diz que ela é a solução enquanto o americano olha para o mercado para propor uma solução.

Meu posicionamento é extremista para ser didático. Mas eu vejo empresas morrendo a todo momento e vejo ainda novos projetos morrendo a toda hora dentro das empresas. A falta de habilidade de estudar o mercado, seja interno ou externo, aliada à percepção do gasto financeiro desse estudo em ser uma despesa e não um investimento geram esforços totalmente desperdiçados empresarialmente.


(Palestra no MIT - Slide discorrendo sobre o Entrepreneurship ecosystem)

Poderia citar vários casos mas um achei bastante interessante e vou resumi-lo aqui. A Embraer já a alguns anos vem fazendo um grande trabalho de sucesso de internacionalização da empresa. Para competir nesse mercado formada por grandes como Bombardier, Boeing e Airbus, a Embraer através de estudos de mercado detectou que o mercado de aeronaves médias na aviação civil estava carente, sendo que as principais reclamações eram alto custo das aeronaves, barulho excessivo para os passageiros gerando incômodos, alto consumo de combustível, segurança, falta de conforto, entre outros. 

Foi nesse mercado que a Embraer mirou e começou um trabalho fortíssimo para atacar as necessidades e depois de um investimento fortíssimo em desenvolvimento tecnológico que durou mais de dez anos, começou a ter como frutos estrutura que gerassem menos ruídos, motores que consumiam menos, motores que funcionam com Etanol, conforto maior nessas aeronaves. Foi então que a Embraer lançou aeronaves para um mercado pouco explorado.

(Visita à Embraer em Fort Lauderdale)

Quando um membro de nossa missão questionou o CEO Internacional da Embraer sobre as novas empresas que estavam surgindo, principalmente chinesas, como a Embraer estava se preparando? A resposta foi que o investimento tecnológico desenvolvido ao longo dos anos adequados à necessidade do mercado, todas as suas concorrentes deveriam fazê-lo se quisessem competir com a Embraer. Assim a empresa estaria 10 anos a frente várias de suas concorrentes.

Acho que consegui deixar clara as minhas impressões sobre esse ecossistema e como a cultura empreendedora americana o percebe. Vejo que basta internalizarmos esse conceito para mudarmos nossa visão e abordagem para novos negócios. 

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