domingo, 7 de outubro de 2012

Somos tão improdutivos?

Antes de mais nada, de qualquer comentário, devo elogiar a revista EXAME , edição 1025, Ano 46, "Por que somos tão improdutivos". O momento atual de nosso país, com indicadores mostrando tendências decrescentes, além de projeções por parte do Ministério da Fazenda cada vez mais desencontradas e um governo querendo manter o crescimento através da ampliação e incentivo do crédito para uma população cada vez mais endividada, parece que encaminhamos para um beco sem saída. Então, o que fazer? Quais devem ser nossas estratégias empresariais e pessoais para nos prepararmos para o que vamos enfrentar? O tema destacado pelo periódico traz à tona um assunto sempre falado no meio empresarial, governamental, e principalmente nas faculdades, mas infelizmente pouco usado ou evidenciado no cotidiano. Continuamos preso ao velho modelo de manter o caos nas empresas e instituições. Sem processos, usando-se receitas caseiras, total falta de foco para investimentos que gerem resultados. O Brasil melhorou muito se olharmos para os últimos vinte anos. Aparentemente absorvemos tecnologia e processos estrangeiros. Adquirimos conhecimento desses aspectos externos e incluímos nos meios de produção, mas o mais difícil vem agora. A ausência da mão-de-obra devidamente qualificada, a falta de capacidade na gestão empresarial, o baixo investimentos tanto na melhoria dos processos quanto a pesquisa e desenvolvimento, além de a uma estrutura extremamente travada e pouco produtiva na relação empregado e empregador, são desafios do Brasil, que se a médio prazo não forem resolvidas, nosso país, nossas empresas e nós, cidadãos, amargaremos a frustração de que a oportunidade passou na nossa porta e fomos incompetentes para abraçá-la. Um trabalhador americano vale por cinco brasileiros, mas não quer dizer que um americano trabalha por cinco, mas produz cinco vezes mais riquezas que o trabalhador brasileiro. E se produz mais com menos, porque não conseguimos fazer o mesmo? E o que mais me incomoda nisso tudo é que, embora existam diferenças tributárias e de encargos, fazendo comparações básicas ou rudimentares, mesmo assim me assusto com o potencial produtivo da sociedade americana. Por exemplo, fui recentemente para Aracaju e aluguei um carro básico, fabrica em nossa terra brasilis, tive um gasto de R$ 800,00 na locação por cinco dias. Um amigo meu voltou recentemente de Miami, nos Estados Unidos, e teve o mesmo gasto em um veículo de nível médio para superior nos padrões americanos, em uma locação de 15 dias!! Outro exemplo, um quarto de hotel na mesma cidade americana sai menos da metade do valor de um equivalente em qualquer cidade turística brasileira, considerando a conversão monetária e impostos. Façam uma pesquisa em sites como Decolar e comprovem. Por que uma distância tão absurda? Mesmo que zerássemos os tributos brasileiros não chegaríamos nem perto dos valores praticados pelos americanos? O fato dessa conquista é a produtividade. Fazer mais com menos. Como citado na revista EXAME sobre as palavras do economista Paul Krugman "produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo". E não nos damos conta disso. Investimos mau ou quase nada em processos para melhorarmos nossa produtividade. A TOTVS, um dos principais players de softwares no segmento de ERP, emprega 5.600 pessoas e recentemente abriu um escritório no famoso Vale do Silício, nos Estados Unidos, com 12 funcionários e realizando o desenvolvimento completo de software. Segundo Laércio Cosentino, presidente da TOTVS, Simplesmente não há gente para fazer isso no Brasil" . Sem contar que o profissional brasileiro levar 120 dias para ser treinado contra 30 dias do americano. Minha opinião é que no segmento de tecnologia a preparação do profissional em cargos devidamente qualificados leva muito mais que 120 dias. Os profissionais não saem prontos das universidades e requer-se um investimento considerável pelas empresas de tecnologia além do próprio profissional. Dessa forma as empresas de tecnologia procuram reter os profissionais ao máximo, o investimento no colaborador é tão alto que perdê-lo pode afetar substancialmente os resultados dos projetos. Acho que ainda temos uma visão muito míope no Brasil. Um exemplo é a construção civil. Cada dois funcionários no Brasil constroem 17 metros quadrados enquanto que nos Estados Unidos constroem de 40 a 50 metros. A principal diferença é que usamos um sistema de alvenaria (tijolo a tijolo) e eles usam estruturas pré-moldadas. Se temos menas produtividade nos modelos atuais, porque ainda insistimos neles. Pode ser a falta de fornecimento adequado da linha de produção, encarecendo o custo. Pode ser falta do controle da cadeia produtiva relaciona ao negócio. Ou pode ser muito mais a falta de inovação e coragem, ou mesmo a falta do empreendedorismo? Ou será um aspecto cultural? Esse é um assunto bem extenso e muito discutível. E precisa ser amplamente discutido. Mas sinto não haver tempo para os debates e apenas tempo para a ação. Aprendemos com nossas experiências e erros. Então! Acho que ainda não tivemos erros suficientes.

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